Imaginei que fosse forte, que soubesse lutar...
Que soubesse como me proteger...
Mas quando vejo você...
Tudo muda ...
Onde estão os guardiões da minha fortaleza ??
Aqueles que passei tanto tempo criando, alimentando, ensinando a lutar, para que jamais fossem feridos, os meus sentidos?
Mesmo que estivessem aqui, seriam facilmente alvejados e derrotados...
A barreiras são todas ultrapassadas pelo seu olhar...trépido.
Meus gemidos de dor, aumentam quando se aproxima e insiste em machucar a minha pele, estampando nela a sua frieza, sua incerteza, sua fraqueza, sua apatia...
Onde estou quando respiro e sinto seu cheiro, e insandecido, volto os meus pensamentos num momento qualquer que me remeta a você?
Onde posso chegar?
Posso voar mais alto que uma ave faminta a procura de comida
Mas ao te ver, sou abatido, cruelmente...
E entorpecido pela dor, continuo a ser seu...
Posso atravessar cidades inteiras, na velocidade da luz...
Tocar milhares de flores, em campos distantes,
Mas quando me deparo com a escuridão do seu olhar paraliso...
estático...
intacto...
muito machucado...
Porque diante da minha covardia, não sou capaz de combater o mal imenso que me causas...e luto contra
meus princípios, moralistas, antiquados e covardes...
Provavelmente porque, indubitavelmente, continuo a estabelecer um forte elo entre a utopia e o seus lábios...mesmo sem entender e aceitar...
...
Não é difícil me fazer voar, difícil é manter-me com os pés no chão...
...
Esther de Azevedo
