Deus - o que é Deus na minha vida?
Hoje me peguei pensando que talvez esse meu pânico da morte tenha muito a haver com a relação truncada que eu tenho com esta figura a quem chamam de "Deus".
Durante anos repeti "sou agnóstica", mais por gostar do som da palavra, AG-NÓS-TI-CA, do que por qualquer outra coisa. Veja-se o meu histórico com este conceito abstrato, esta figura sem forma, pessoa sem rosto, a quem se atribui ser a causa de todas as coisas. O meu pai, ateu convicto. Nunca acreditou em nada que não fosse ele, um deus em si mesmo. E durante muito tempo, um deus aos meus olhos. Acho que na verdade os meus problemas começaram quando essa referência do divino se perdeu. A minha mãe, católica não praticante, nunca a vi rezar, a não ser para agradar a minha avó. Acho que no fundo ela sente algum conforto em ser parte de algo e gostaria de acreditar, só não consegue.
E eu? Como fico eu nesta história toda? Bem, a grande verdade é que eu nunca tive uma relação com Deus. Nunca acreditei de verdade. Eu sou uma atéia enrustida, que não saiu do armário e, por isso, não tenho "colchão de segurança". Quando eu morrer, não terei os meus antepassados para me acolher, anjos não descerão dos céus para me receber e, certamente, não terei quanrenta virgens à minha espera. Quando eu morrer, será como cair no imenso nada, simplesmente deixar de existir, porque DEUS e EU ainda não nos conhecemos. ELE não sabe como EU sou e eu não sei quem é ele. Se eu fosse a última pessoa do mundo e Deus dependesse de mim para existir, talvez ele também caísse nessa imensa eternidade repleta da não existência. Imagino que, talvez, numa realidade espelhada e distorcida, Deus esteja em algum lugar, neste exato momento, escrevendo sobre mim e questionando a minha existência.
