Tempo Mágico

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Nao tolero gabolices.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.

Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.

Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio...Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena.

(Rubem Alves)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sócrates

Para esse ano desejo isso, a mim mesmo e a todos os que me cercam, quepossamos ler as almas uns dos outros, e descobrir sua belezas, e assimencontrar o que apesar de todas nossas diferenças nos une.

Sócrates - Pelos deuses, esse conceito tão justo de Delfos(1) que hápouco tínhamos lembrado, estamos seguros de tê-lo bem compreendido?Alcibíades - Que queres dizer, Sócrates?S - Vou explicar-te que significação, que conselho, eu suspeito havernesse preceito. Somente não encontro muitos exemplos que sejampróprios a fazê-los compreender; só há talvez a visão.A - Que entendes por isso?S - Reflitamos juntos. Suponhamos que esse preceito se dirija a nossoolho como a um homem e lhe diga: "Olha-te a ti mesmo". Comocompreenderíamos esse aviso? Não pensaríamos que ele convidava ao olhoa olhar um objeto no qual veria a si mesmo?A - Evidentemente.S - Ora, qual é o objeto tal em que, olhando-o, nos veríamos a nósmesmos ao mesmo tempo que o veríamos?A - Um espelho, Sócrates, ou qualquer coisa do mesmo gênero.S - E no olho, pelo qual vemos, não há algo dessa espécie?A - Sim, certamente.S - Não deixaste de notar, não é, que quando olhamos o olho de alguémque está diante de nós nosso olho reflete-se no que se chama pupila,como em um espelho: aquele que olha vê nele sua face.A - É verdade o que dizes.S - Então, se o olho quer ver a si mesmo, deve olhar o outro no olho,e nesse olho, a parte que reside a excelência própria desse órgão;essa faculdade é a visão.A - Com efeito.S - Ora bem, meu caro Alcibíades, a alma também, se quer conhecer a simesma, deve olhar uma alma, e nessa alma, a parte onde reside aexcelência própria da alma. O conhecimento (sophia), isto é, outracoisa à qual ele é semelhante.A - Assim acredito, Sócrates.S - Ora, na alma podemos distinguir algo mais divino do que essa parteem que residem o saber e o pensamento?A - Não, isso não se pode.S - Aquela parte parece provir do divino, e aquele que volta para elaseu olhar e que aí reconhece todo o divino, um deus e um pensamento,esse tem a chance de conhecer a si mesmo,A - Evidentemente.(Primeiro Alcibíades, 132c-133c)(1)- Conhece-te a ti mesmo